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5 de setembro – Dia da Amazônia – Como a tecnologia pode ajudar?

5 de setembro de 2022

Hoje é comemorado o Dia da Amazônia, data pra lembrar a importância de um dos patrimônios naturais mais valiosos da humanidade, além da maior reserva natural do planeta. Neste artigo vamos apresentar como a tecnologia pode ajudar na proteção da Amazônia e como ela é fundamental para todos nós.

Qual a origem do dia?

O dia 5 de setembro foi escolhido em homenagem ao Príncipe Dom Pedro II que, em 1850, decretou a criação da província do Amazonas (atual estado do Amazonas). A data foi instituída no dia 19 de dezembro de 2007 após aprovação do projeto de Lei nº 11.621.

 

Desmatamento acumulado desde 2012

Desmatamento acumulado desde 2012

Com a extração ilegal de madeira e atividades de soja e pecuária, a Amazônia sofre constantemente com problemas de desmatamento.

Segundo dados do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), o desmatamento na região registrou recorde em 2021. Apesar das atividades de soja e pecuária serem importantes, esse desmatamento é maléfico para as condições climáticas pois a Amazônia é peça fundamental desse controle.

Segundo dados do Conserv, projeto que compensa produtores rurais pela conservação da vegetação nativa (dentro de suas propriedades) que pode ser legalmente desmatada, existem hoje cerca de 11 milhões de hectares de excedente de reserva legal na Amazônia Legal que poderiam ser legalmente suprimidos e que, segundo o diretor do IPAM, seriam incluídos em um ambiente regulatório de negociações de carbono.

Como a tecnologia pode ajudar? PrevisIA.

A tecnologia vem se tornando importante aliada na proteção de biomas brasileiros, principalmente na Amazônia. Soluções de tecnologia como plataformas digitais, projetos de inteligência artificial e estudos utilizando machine learning são capazes de prever riscos de desmatamento e do impacto do fogo na floresta.

A plataforma PrevisIA, resultado de uma parceria do Imazon, da Microsoft e do Fundo Vale, utiliza geoestatística e inteligência artificial para mapear regiões de florestas ameaçadas. “A ideia é disponibilizar informações que permitam aos agentes públicos agir preventivamente e evitar o desmatamento”, diz o geógrafo Carlos Souza Jr., pesquisador associado do Imazon.

Mensalmente, o Imazon usa dados de satélite para monitorar o desmatamento na Amazônia brasileira com o Sistema de Alerta de Desmatamento da instituição. Com essa tecnologia, a degradação florestal é tornada pública, ajudando a aumentar a conscientização e a compreensão sobre a perda de biodiversidade, as emissões de carbono e a ameaça aos povos indígenas.

O mapa de calor abaixo identifica uma probabilidade do risco de desmatamento até Julho/2023 das áreas rurais do Brasil. Observa-se que as cores mais intensas identificam o maior risco de desmatamento.

O que aconteceria se pudéssemos prever onde o bioma poderia ser desmatado?

Seríamos capazes de evitar a derrubada da floresta. Com esse objetivo foi criado um modelo de previsão de desmatamento baseado em estatísticas espaciais que será utilizado pela PrevisIA.

A PrevisIA traz várias inovações, como um novo algoritmo de Inteligência Artificial (IA) que detecta e monitora automaticamente estradas não oficiais com imagens de satélite. Essas estradas são uma das variáveis ​​mais importantes na previsão de risco.

Estudos mostram que 95% do desmatamento acumulado na Amazônia está localizado em um raio de 5,5 km das estradas e que 90% das queimadas anuais ocorrem a 4 km delas. Essas estradas são abertas no meio da floresta para extração de madeira, mineração e grilagem de terras.

A PrevisIA também traz uma versão aprimorada do modelo de risco com dados atualizados de estradas e desmatamento e estatísticas de diferentes classes de territórios com maior probabilidade de serem desmatados. Tudo isso só é possível devido à capacidade da plataforma de nuvem Azure da Microsoft, que permite executar esses modelos de IA para detectar estradas e gerar estatísticas para previsão de desmatamento.

O modelo de risco da PrevisIA utiliza informações sobre o local onde ocorreu o corte raso no passado para gerar estimativas da probabilidade de destruição da floresta no próximo calendário de desmatamento, que vai de agosto a julho do próximo ano. Trata-se, portanto, de uma previsão de desmatamento de curto prazo (até 12 meses). Esse modelo também utiliza variáveis ​​auxiliares, distribuídas espacialmente, incluindo distância de estradas (oficiais e não oficiais), rios, topografia, distância de áreas protegidas e dados socioeconômicos.

O gráfico abaixo disponível na plataforma, mostra a área total em m² de desmatamento de Abril/2021 a Dezembro/2021:

Além disso, uma característica inovadora desse modelo é sua capacidade de prever o risco de desmatamento, considerando sua influência nos domínios do espaço e do tempo, simultaneamente. Isso permite separar as influências das fronteiras ativas de ocupação do território daquelas já consolidadas. Na prática, aumenta a capacidade preditiva do risco de desmatamento e permite que intervenções para controlar a destruição do bioma tenham maior chance de sucesso.

Com a PrevisIA, foi iniciada uma nova era na ciência de dados em favor da floresta. Não será mais sobre relatar o que aconteceu no passado, o que continuará sendo necessário. Ainda assim, nos será informado também com critérios científicos, transparentes e confiáveis, onde poderá ocorrer nova destruição.

É esperado que essa tecnologia seja utilizada por aqueles que têm o dever de agir em defesa da floresta, pois queremos que as previsões da PrevisIA nunca se concretizem.

O Instituto Mamirauá

O Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá foi criado em abril de 1999. É uma Organização Social fomentada e supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Desde o início, o Instituto Mamirauá desenvolve suas atividades por meio de programas de pesquisa, manejo de recursos naturais e desenvolvimento social, principalmente na região do Médio Solimões, estado do Amazonas.

Os objetivos do Instituto Mamirauá incluem a aplicação da ação de ciência, tecnologia e inovação na adoção de estratégias e polí­ticas públicas de conservação e uso sustentável da biodiversidade da Amazônia. Também abrangem a construção e a consolidação de modelos para o desenvolvimento econômico e social de pequenas comunidades ribeirinhas por meio do desenvolvimento de tecnologias socialmente e ambientalmente adequadas.

Um dos projetos do instituto é o Florestas de Várzea. Este representa um esforço de várias instituições que teve início em 2009, agregando parceiros do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá – IDSM, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, Universidade Federal do Pará – UFPA e Universidade Estadual Paulista – UNESP.

A partir das experiências de trabalho em grupo obtidas no Componente Áreas Alagáveis da Amazônia (AAA), da Rede GEOMA, um grupo de pesquisadores destas instituições vem construindo um projeto de investigação de longo prazo que tem como foco principal aspectos da ecologia das florestas de várzea que acompanham a calha principal da Bacia Amazônia, o Solimões-Amazonas.

Atualmente o projeto acaba de concluir sua segunda fase, chamada “Modelagem dos Efeitos do Regime de Alagamento e da Ação Antrópica sobre a Vegetação das Florestas de Várzea da Calha do Solimões-Amazonas”. A fase anterior foi composta principalmente por duas iniciativas.

A primeira fase contou com apoio de edital do CNPq, mas obteve também apoio de outras fontes que permitiram o desenvolvimento das iniciativas “Efeito de Perturbações Antrópicas sobre a Estrutura Florística e Funcionamento das Florestas de Várzea e seu Impacto sobre os Ecossistemas Aquáticos da Calha Central do Solimões-Amazonas” e “Estrutura da Vegetação e Ecologia das Florestas da Calha do Solimões-Amazonas”.

Como principal estratégia de ação, o projeto busca focalizar os seus esforços de amostragem e análise em sí­tios de estudo distribuí­dos ao longo da calha do Solimões-Amazonas.

Starlink começará operações na Amazônia em setembro

Os satélites da Starlink, um projeto da SpaceX do bilionário Elon Musk, devem começar a fornecer conectividade a escolas rurais na Amazônia a partir de setembro, segundo o ministro Fábio Faria, das Comunicações.

“Trata-se de um projeto piloto que deverá funcionar por meio de doações realizadas pela SpaceX”, diz Faria. Deverá ser feita uma licitação de empresas interessadas em levar internet à Amazônia. “Até dezembro, todas as escolas da Amazônia deverão ter sinal de internet”, afirma o ministro.

Em maio/2022, Musk realizou sua primeira viagem oficial ao Brasil para discutir detalhes da operação da Starlink, de satélites de baixa órbita, braço da SpaceX, na Amazônia.Na ocasião, se reuniu com Fábio Faria e o presidente Jair Bolsonaro no hotel Fasano Boa Vista, em Porto Feliz, no interior de São Paulo. O encontro selou a parceria entre a SpaceX e o governo brasileiro para levar internet à Amazônia. Faria vinha mantendo encontros e reuniões com o dono da Tesla desde novembro do ano passado.Os satélites de baixa órbita devem igualmente captar imagens que ajudarão no controle de incêndios e desmatamentos ilegais na floresta amazônica, segundo o ministro.Atualmente, a Starlink possui apenas alguns pontos de cobertura no Brasil, conforme imagem abaixo. Caso queira ver se sua região tem cobertura disponível acesse starlink.com/map.

FAPESP – Amazônia +10

Buscando ampliar seu papel histórico no apoio à pesquisa voltada para a sustentabilidade, a FAPESP está engajada na estruturação de um Fundo de Pesquisa para apoiar projetos e a formação de recursos humanos em temas relacionados à Amazônia, com foco na biodiversidade, nas mudanças climáticas, na bioeconomia e em contribuições da ciência e da tecnologia para a melhoria das condições de vida das populações.

O Fundo é uma iniciativa conjunta do Fórum de Secretários Estaduais de Ciência e Tecnologia e do Fórum das Fundações de Amparo à Pesquisa, envolvendo nove Fundações da região Norte.

Promover a colaboração nacional e internacional é missão central das agências de pesquisa e, no caso da FAPESP, a cooperação de pesquisadores de diferentes Unidades da Federação é uma prioridade. O percentual das publicações científicas com autores de São Paulo, que também incluíam coautores de outras Unidades da Federação, passou de 13% para 34% do total das publicações de São Paulo entre 1995/97 e 2015/17. Estas publicações são mais citadas, em média, do que aquelas sem colaboração.

A FAPESP sempre teve um papel relevante no financiamento à pesquisa de temas relacionados à Amazônia. De 1994 a 2021 a FAPESP alocou, em valores atualizados, R$ 654,9 milhões em projetos relacionados aos temas Amazônia ou Florestas Tropicais: foram 2.056 bolsas e 1.083 auxílios.

Em 24/06/2022 houve uma atualização deste projeto no qual foram recebidas propostas que apresentem pesquisa científica com foco na resolução de problemas considerados imprescindíveis para o avanço do desenvolvimento sustentável na região.

Os problemas estarão organizados de acordo com três eixos prioritários:

I. Territórios como infraestrutura e logística que facilitam o desenvolvimento sustentável em dimensão multi-escalar
II. Povos da Amazônia como protagonistas do conhecimento e da valorização da biodiversidade e adaptação às mudanças climáticas
III. Fortalecimento de cadeias produtivas sustentáveis

Neste momento crítico da vida nacional, em que a imagem e o impacto das ações do país na agenda mundial de sustentabilidade, clima e defesa do ambiente têm sofrido muito desgaste, é responsabilidade dos cientistas, das agências de apoio à pesquisa e dos governos responsáveis assumir ações que reflitam o engajamento da ciência brasileira para preservação do planeta.

Referências

Imazon.org

Previsia.org

Ipam/org

Legislacao.presidencia.gov

Conserv.org

Mamiraua.org

Starlink.com

Fapesp.br

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