O desastre causado pelo terremoto no Japão no primeiro dia do ano de 2024, que infelizmente vitimou 200 pessoas, levanta uma questão sobre como a tecnologia auxilia na prevenção de desastres, já que os números de fatalidades antes ultrapassavam centenas. Confira neste artigo a importância da tecnologia no combate aos desastres naturais, como ocorreu recentemente no Japão e em outros eventos no Brasil.
Monitoramento e Alerta antecipado:
Equipado com uma rede extensa de sismómetros para detectar terremotos em tempo real, o Japão consegue monitorar as ondas sísmicas primárias para prever a intensidade e a localização do terremoto eminente, antes que as ondas secundárias atinjam as áreas afetadas, exibindo assim um alerta de evacuação para locais seguros, como abrigos e centros especiais.
Já no Brasil, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) utiliza satélites para detectar e mapear áreas propensas a incêndios e desmatamentos, permitindo uma resposta mais rápida dos órgãos responsáveis.
Engenharia de edifícios:
A tecnologia de engenharia de edifícios no Japão é altamente focada na resistência sísmica, dado que o país está localizado em uma região sísmica ativa. As construções são submetidas a rigorosas perícias para avaliar sua capacidade de resistir a terremotos. Um aspecto notável é a adoção de sistemas avançados de anti-vibração sísmica em muitos edifícios. Esses sistemas geralmente envolvem o uso de dispositivos como amortecedores sísmicos e isoladores de base, projetados para absorver e dissipar a energia gerada pelos terremotos, protegendo assim a integridade estrutural dos edifícios.
No Brasil, embora o país não esteja localizado em uma zona sísmica tão ativa quanto o Japão, a engenharia de edifícios também considera riscos naturais específicos, como enchentes, deslizamentos de terra e furacões em algumas regiões. Assim como no Japão, são realizadas análises cuidadosas da resistência estrutural das construções, mas com foco em diferentes tipos de desastres.
A norma NBR 15.310 trata especificamente de projetos de estruturas resistentes a sismos, indicando que mesmo em regiões com menor atividade sísmica, a prevenção e o planejamento são aspectos importantes na engenharia de edifícios.
Comunicação em Tempo Real:
A comunicação em tempo real desempenha um papel vital na resposta a desastres. O Japão utiliza uma variedade de canais para disseminar informações de emergência, incluindo redes sociais, aplicativos de mensagens e sistemas de alerta por SMS. As autoridades japonesas têm sistemas sofisticados que emitem alertas instantâneos para toda a população em caso de terremotos, tsunamis ou outros eventos catastróficos.
Além disso, as redes sociais são amplamente utilizadas para compartilhar informações em tempo real e coordenar esforços de resposta. Isso permite que a população receba atualizações imediatas, conheça rotas de evacuação e saiba onde encontrar abrigos temporários.
No Brasil, a comunicação em tempo real é realizada por meio de sistemas como o Alerta Brasil, que demonstram a importância atribuída a essa abordagem de comunicação. O Alerta Brasil, integrado ao Sistema de Alerta de Desastres (SISAD), é uma iniciativa que utiliza diversos meios de comunicação para fornecer informações imediatas sobre eventos climáticos e desastres.
O sistema envia alertas por SMS para os cidadãos cadastrados, alertas sonoros em algumas regiões e informações online por meio de plataformas específicas. Essa abordagem proativa permite que as comunidades recebam informações críticas em tempo hábil, dando-lhes a oportunidade de se preparar e responder adequadamente a situações de emergência.
Mapeamento e Planejamento Urbano:
O mapeamento e planejamento urbano do Japão são aprimorados por avançadas tecnologias, especialmente sistemas de informações geográficas (SIG). Esses sistemas desempenham um papel crucial na identificação e mapeamento de áreas de risco sísmico, auxiliando no desenvolvimento de estratégias de prevenção e resposta a terremotos.
Os SIGs no Japão são utilizados para analisar a geologia local, identificar falhas sísmicas, e avaliar a vulnerabilidade das áreas urbanas. Essas informações são essenciais para o planejamento de zonas seguras, a definição de normas de construção específicas e a implementação de políticas públicas voltadas para a redução de riscos.
Em nosso país, o mapeamento e planejamento urbano também têm se beneficiado da implementação de sistemas de informações geográficas (SIG). Essas ferramentas são utilizadas para mapear áreas de risco relacionadas a fenômenos climáticos, como enchentes e deslizamentos de terra, com o objetivo de informar políticas públicas e diretrizes de construção.
O Brasil enfrenta desafios específicos, como as chuvas intensas em certas regiões, tornando o mapeamento de áreas de risco essencial para a prevenção de desastres. Os SIGs são empregados para analisar padrões climáticos, identificar áreas propensas a inundações e deslizamentos, e orientar o planejamento urbano de maneira a minimizar os impactos negativos.
Resposta e Recuperação eficientes:
No Japão, a resposta e recuperação eficientes após desastres são aprimoradas pelo uso de avançadas tecnologias de gestão de emergências. Plataformas digitais integradas são essenciais para coordenar as operações de resgate e a distribuição de ajuda humanitária. Durante crises, sistemas de monitoramento em tempo real permitem acompanhar a localização de recursos, avaliar danos em áreas afetadas e identificar necessidades urgentes.
No contexto brasileiro, a resposta e recuperação eficientes são facilitadas por cada tecnologia acessível disponível, como aplicativos móveis e plataformas online. Durante desastres, essas ferramentas são utilizadas para conectar voluntários, doadores e organizações de ajuda humanitária. Aplicativos de alerta precoce, por exemplo, são empregados para informar a população sobre riscos iminentes e fornecer instruções de evacuação.
A utilização de redes sociais e plataformas colaborativas online tem sido uma estratégia eficaz para mobilizar a solidariedade e coordenar esforços de resposta. Além disso, a integração de sistemas de monitoramento climático e geoespacial contribui para uma resposta mais eficiente, permitindo que as autoridades localizem áreas afetadas, avaliem danos e aloquem recursos de maneira estratégica.
Inovações Futuras e Desafios:
Novas tecnologias e abordagens de suas utilizações são criadas para que danos decorrentes de desastres sejam minimizados. Algumas inovações e novas formas de se utilizar tecnologias já existem são:
No Japão:
- Inteligência Artificial (IA) e Análise Preditiva: O Japão está investindo em sistemas de IA e análise preditiva para antecipar eventos naturais, como terremotos e tufões. Algoritmos avançados poderão fornecer alertas mais precisos e antecipados, permitindo uma evacuação mais eficiente e reduzindo os danos.
- Robótica para Resgate e Recuperação: O país está explorando a utilização de robôs avançados para operações de resgate em áreas de difícil acesso após desastres. Esses robôs poderiam ser empregados para localizar e ajudar vítimas, bem como para avaliar danos em estruturas instáveis, reduzindo o risco para equipes de resgate humanas.
- Redes de Sensores Avançadas: O desenvolvimento de redes de sensores distribuídos em áreas urbanas e rurais permitirá uma coleta de dados em tempo real mais abrangente. Isso não só ajudará na detecção precoce de eventos, mas também na análise mais precisa dos impactos, orientando as decisões de resposta e recuperação.
- Realidade Aumentada (RA) para Treinamento de Emergência: O uso de tecnologias de realidade aumentada facilitará simulações realistas de desastres, proporcionando treinamento mais eficaz para equipes de resposta e preparando a população para agir de maneira mais eficiente em situações de emergência.
No Brasil:
- Plataformas Colaborativas e Aplicativos de Mobilização Cidadã: O Brasil está caminhando para o desenvolvimento de plataformas colaborativas e aplicativos móveis que facilitem a mobilização cidadã durante desastres. Essas ferramentas permitirão uma resposta mais rápida e eficaz, conectando voluntários, doadores e organizações de ajuda humanitária de maneira mais eficiente.
- Internet das Coisas (IoT) para Monitoramento Ambiental: A implementação de sensores IoT em áreas propensas a desastres climáticos possibilitará um monitoramento ambiental mais preciso. Esses dispositivos poderão coletar dados em tempo real sobre condições climáticas, níveis de água e outros indicadores, contribuindo para alertas mais precisos e aprimorados.
- Drones para Avaliação de Danos: A utilização de drones equipados com tecnologia avançada de imagem será uma ferramenta valiosa para avaliação rápida e precisa de danos após desastres. Isso permitirá uma resposta mais ágil e informada, especialmente em áreas de difícil acesso.
- Sistemas de Drenagem Inteligente: A implementação de sistemas de drenagem inteligente, utilizando sensores e tecnologia de controle, pode ajudar a evitar acúmulos excessivos de água nas encostas, reduzindo assim a probabilidade de deslizamentos. Esses sistemas podem ser projetados para se ajustar dinamicamente às condições climáticas e às características específicas do terreno.
No Japão, apesar dos notáveis avanços em inovações tecnológicas para enfrentar desastres, ainda existem desafios significativos. Um dos desafios é a expansão da cobertura tecnológica em áreas remotas e montanhosas, onde a conectividade pode ser limitada. O uso de sistemas avançados nessas regiões é crucial para garantir uma resposta eficaz em todo o país, especialmente considerando a ocorrência de desastres naturais em áreas menos desenvolvidas.
No contexto brasileiro, assim como no Japão, há muitos desafios a serem enfrentados apesar dos avanços nas inovações de tecnologia contra desastres. A expansão da cobertura tecnológica em áreas remotas e em regiões mais afastadas dos grandes centros urbanos é um desafio considerável. Garantir que as tecnologias de resposta a desastres alcancem todas as comunidades, independentemente de sua localização geográfica, é essencial para uma prevenção abrangente e inclusiva.
Outro desafio é capacitar efetivamente a população para utilizar cada tecnologia e suas ferramentas. Treinamento contínuo e campanhas de conscientização são necessários para garantir que as comunidades estejam preparadas e saibam como responder adequadamente em emergências.
A tecnologia emerge como uma ferramenta vital na gestão de desastres no Brasil, desempenhando papéis cruciais desde a prevenção até a resposta e recuperação. Investir em infraestrutura tecnológica e promover a educação digital são passos essenciais para fortalecer a resiliência do país diante de eventos adversos. Ao integrar inovações tecnológicas com abordagens sustentáveis e participativas, os Países podem construir um futuro mais seguro e preparado para enfrentar os desafios vindos dos desastres naturais.