Este é um dos principais acontecimentos envolvendo tecnologia em 2022 e que ficará marcado para sempre na história do mundo dos criptoativos.
Logo abaixo, você vai saber como uma das maiores empresas de criptomoedas do mundo, a FTX, entrou em colapso completo em menos de uma semana, além de entender as consequências que isso pode trazer para o mundo dos investimentos em 2023.
O que é a FTX?
A FTX era uma das principais empresas que possibilitavam a troca de criptomoedas, ajudando pessoas físicas e jurídicas a comprar e vender criptoativos. Todas as criptomoedas são baseadas na mesma estrutura básica do bitcoin. Com sede oficial nas Bahamas, a FTX processava a maioria das negociações de criptomoedas ao redor do mundo.
Alguns dos diferenciais da FTX eram os benefícios, como as baixíssimas taxas de tokens, a possibilidade de depósitos via PayPal, e a parceria com diversos aplicativos que entregavam a opção de depósitos e saques via TED ou até BRZ. Parcerias essas que se tornaram realizáveis devido ao apoio da Alameda Research, uma das principais empresas de negociação de moedas digitais na época.
O que aconteceu com a FTX?
Quarta-feira, 3 de novembro de 2022 foi a data do início da queda da FTX. Nesse dia foi publicado um artigo no CoinDesk (site especializado em bitcoins e moedas digitais), afirmando que o balanço patrimonial da Alameda Research detinha bilhões de dólares da própria criptomoeda da FTX, a FTT, e a usava como garantia em novos empréstimos. Caso isso se confirmasse, uma súbita queda no valor da FTT poderia prejudicar ambos os negócios, dada a propriedade compartilhada. Porém, a FTT em si não tinha valor algum além da eterna promessa da FTX de comprar qualquer token por 22 dólares, o que gerou incertezas e receios aos investidores.
A crise, pequena até então, teve seu patamar elevado 4 dias depois, quando o CEO da Binance (principal concorrente da FTX) declarou que sua empresa estava vendendo suas participações no FTT, em um valor estimado de 500 milhões de dólares, por motivos que o mesmo alegou ser “revelações recentes que vieram à tona”.
Pouco tempo depois, o valor da FTT entrou em colapso, e os clientes da FTX começaram a retirar seus fundos da empresa. A estimativa, declarada por Samuel Bankman-Fried, o próprio fundador e CEO da FTX, era que os usuários sacaram mais de 6 bilhões de dólares em um período de 3 dias.
Changpeng Zhao, CEO da Binance, anunciou que compraria a FTX, porém, declarou seu afastamento do negócio um dia depois, afirmando que “os problemas estão além do nosso controle ou capacidade de ajudar”.
Cerca de 5 dias após o pontapé inicial da crise, Bankman-Fried é retirado do cargo de CEO da FTX, sendo substituído por John Ray, advogado especializado em recuperar fundos de empresas falidas. Sam Bankman-Fried, o fundador da FTX, foi preso em 12 de dezembro de 2022 após a apresentação de acusações criminais feitas por promotores dos Estados Unidos, sendo liberto após pagamento de fiança. Porém, enfrentará julgamento no tribunal americano em 2023.
Como isso afeta o mercado?
Por ser uma das maiores responsáveis pelo comércio de criptoativos no mercado, a FTX guardava esses criptoativos de diversas empresas, instituições financeiras e até fundos de investimento. Assim, com sua falência, é dúvida se tais empresas serão capazes de recuperar seus próprios ativos. Essa incerteza se dá principalmente pelo fato de processos de falência serem lentos e burocráticos. Ou seja, vai ser preciso listar quem serão os primeiros e os últimos a receber os ativos da massa falida, sendo que alguns clientes da plataforma podem não recuperar seus ativos, podendo desencadear inúmeras ações legais, como processos e outros.
Se esses processos realmente forem colocados em prática, o congresso dos Estados Unidos pode tomar a iniciativa de regulamentar o comércio de criptoativos, já que atualmente a regulamentação é a menor das preocupações dos atuantes do mundo dos criptoativos, contando que o governo estadunidense é liberal em relação a esses procedimentos.
Segundo o CoinDesk, a FTX deve a cerca de um milhão de clientes, contando usuários comuns e empresas grandes. É estimado que a empresa deva mais de 3 bilhões de dólares aos seus 50 maiores credores.
Depois de tudo, grande parte dos investidores estão realocando seus recursos para produtos menos imprevisíveis. O resultado disso: bitcoin e outros criptoativos começam o ano em queda, acumulando prejuízo desde que a crise da FTX ganhou popularidade. Porém, a principal consequência que a crise da FTX traz não é financeira. É uma crise de confiança.
O mundo dos criptoativos sempre foi encarado com “um pé atrás” pela maioria dos interessados por sua volatilidade, imprevisibilidade, e até inconstância. Agora, depois de uma das maiores empresas do ramo abrir falência em uma reviravolta complexa que durou menos de um mês, a confiança dos investidores está mais abalada do que nunca.
Um relatório da corretora Coinbase foi divulgado ao final de 2022, no qual mostra que as consequências dessa crise podem ser mais longevas do que se previa inicialmente. A corretora afirma que a falência da FTX não ajudou a melhorar a confiança dos investidores em relação a essa classe de ativos, o que representou um insucesso no mundo dos criptoativos.
Referência:
https://www.novadax.com.br/criptomoedas/ftt
https://www.investopedia.com/what-went-wrong-with-ftx-6828447
https://economia.uol.com.br/mais/pagbank/2022/11/23/colapso-exchange-ftx-contagio-mercado-cripto.htm
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